Após o anúncio detalhado do pacote fiscal, as bolsas de valores apresentaram grande movimentação, conforme análise do CEO do transferbank, Luiz Felipe Bazzo.
Ibovespa dia a dia
25/11 – O Ibovespa manteve a toada das últimas semanas e, mais uma vez, operou entre perdas e ganhos, com investidores à espera do anúncio do pacote fiscal.
26/11 – Em alta, havia grande ansiedade dos investidores pelo pacote fiscal. A expectativa de inclusão do Vale Gás e de limitação dos supersalários melhorou a perspectiva com o pacote, levando a um recuo dos juros futuros. No exterior, as bolsas americanas perderam força depois da divulgação da ata do FED.
27/11 – O Ibovespa operou em queda de 1,42%, aos 128.008,44 pontos. A principal referência da B3 oscilou entre máxima de 130.282,83 pontos e mínima de 127.767,82 pontos. Além da piora das bolsas americanas, o mercado reagiu aos relatos de que o governo anunciaria a isenção de Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil, no mesmo dia em que tentou fechar o pacote de corte de gastos com o Congresso.
28/11 – O principal indicador de desempenho na bolsa brasileira enfrentou queda de mais de 1%, posicionando-se em 126 mil pontos. A situação foi agravada pela menor liquidez, influência do feriado nos Estados Unidos, que aumentou ainda mais a volatilidade no mercado financeiro brasileiro.
29/11 – O IBOV abriu o pregão em alta. O principal índice da bolsa brasileira subia 0,09%, a 124.722,13 pontos, por volta de 10h04. Sinal de alerta.
Câmbio dia a dia
25/11 – O dólar à vista encerrou o dia em leve queda, refletindo a dinâmica externa de redução da percepção de risco. Seja por menor temor geopolítico ou pela perspectiva de medidas mais graduais no novo governo de Donald Trump, o dólar perdeu espaço principalmente na Europa, tanto contra moedas de mercados desenvolvidos quanto contra emergentes. Já em outras regiões, o dólar seguiu forte, principalmente frente a moedas emergentes fora da Europa e de mercados ligados a commodities.
26/11 – A moeda fechou praticamente estável ante o real, com o mercado ainda à espera do pacote de medidas fiscais do governo Lula, enquanto no exterior a moeda norte-americana avançava ante boa parte das demais divisas de emergentes, em meio às promessas do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, de elevar tarifas de importação. O dólar à vista fechou o dia com leve alta de 0,10%, cotado a 5,8096 reais. Em novembro, a divisa acumula elevação de 0,49%. Temos um pacote fiscal que parece estar vindo, um petróleo que chegou a subir, um minério de ferro subindo, com açúcar e café em alta.
27/11 – O dólar comercial bateu recorde nominal desde a criação do Plano Real e fechou em R$ 5,91, com investidores atentos ao possível anúncio do aumento da isenção do IRPF (Imposto de Renda da Pessoa Física) para trabalhadores que recebem até R$ 5.000. A cotação da moeda norte-americana estava próxima de R$ 5,84 antes das informações rodarem os agentes financeiros. Subiu de R$ 5,84 às 13h40 para R$ 5,90 às 14h10, em menos de 30 minutos. Na máxima, atingiu R$ 5,93. O valor de R$ 5,91 supera a máxima nominal histórica para o fechamento (quando se encerram as negociações do dia), registrada em 13 de maio de 2020 (R$ 5,90), durante a pandemia de COVID-19. Naquele dia, a moeda norte-americana atingiu R$ 5,95 na máxima. Em 14 de maio de 2020 registrou R$ 5,97 na máxima, mas encerrou o dia aos R$ 5,82. A questão da taxação dos super-ricos e da isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5.000 deveria vir dentro de um pacote maior sobre a reforma tributária da renda.
28/11 – A cotação do dólar superou pela primeira vez na história, o patamar de 6 reais no Brasil, após o governo anunciar um ajuste fiscal de 70 bilhões de reais até 2026. Por volta das 13h15, o dólar era cotado a 6,0004 reais. Já de acordo com o site do Banco Central, às 15h00, a cotação estava em 5,99. Desde que o real entrou em circulação, em 1994, a moeda americana nunca havia atingido esse valor, de acordo com a série estatística do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. A recente alta tem sido impulsionada por incertezas fiscais e políticas, especialmente no contexto das reformas tributária e fiscal que o governo federal busca implementar, além de questões internas como a condução das políticas econômicas pelo governo Lula e a percepção de instabilidade política no Brasil. A elevação da taxa do dólar também pode ser explicada pelo contexto global, com um aumento da aversão ao risco no mercado internacional, que tem levado os investidores a buscarem ativos mais seguros, como o dólar. Em suma, o dólar se aproximando de R$ 6,00 é um reflexo de um cenário de desconfiança quanto à sustentabilidade fiscal do Brasil e à estabilidade política do país, com a moeda americana funcionando como um termômetro da instabilidade econômica e política interna.
29/11 – O mau humor do mercado financeiro com o pacote de corte de gastos apresentado pelo governo federal, que levou o dólar à casa dos R$ 6, se manteve na sexta-feira. O dólar abriu em alta novamente e atingiu a casa dos R$ 6,11 às 10h15. É o maior patamar histórico, em termos nominais. Os juros futuros também sobem: os DIs para janeiro de 2026 e 2027 têm taxas acima de 14%. Economistas contestam a economia de R$ 71,9 bilhões anunciada. A economia do pacote deve ser de 62% do valor anunciado, ou cerca de R$ 45 bilhões. O Itaú Unibanco calcula um potencial de economia de R$ 53 bilhões nos próximos dois anos, 2025 e 2026, enquanto, nas contas da Monte Bravo, as medidas resultarão em uma contenção de despesas em torno de R$ 40 bilhões a R$ 45 bilhões. Por volta das 13h30, a moeda americana era cotada a R$ 5,99. A proposta representou uma perda de oportunidade por parte do governo. O bom momento da economia, com desemprego em queda e crescimento do Produto Interno Bruto acima do esperado, poderia ser aproveitado para elevar a arrecadação e conter os gastos, melhorando a solvência.