Pela primeira vez em formato híbrido, o 16º ESFE, evento idealizado pelo jornalista e apresentador Otavio Neto, trouxe importantes nomes do setor de feiras e eventos para compartilhar experiências vividas durante a pandemia e apontar prognósticos para a importante retomada do mercado
A fase de aguardar o novo normal já passou. Com o tema “Mãos à obra”, o 16º Encontro do Setor de Feiras e Eventos (ESFE), que aconteceu em 6 de abril no formato híbrido, somente com os palestrantes ao vivo, contou com nomes estratégicos do setor de feiras e eventos. Os convidados tiveram a missão de levantar provocações sobre temas pertinentes ao segmento e a respeito das mudanças necessárias para a retomada e geração de negócios.
Com transmissão via streaming, gratuita, para todos os inscritos e pelo canal do YouTube ON na TV, o jornalista e CEO do Grupo ON Media, Otavio Neto, mediou discussões dos painéis: Feiras e Eventos, M.I.C.E. Destinos, Live Marketing e Arquitetura Emocional, temas esses, cruciais para o futuro e sucesso do setor. “De uma forma ou de outra, todos tiveram que lidar com a questão emocional nesses momentos de confinamento e encontrar uma forma de enxergar o lado positivo”, pontuou Otavio, idealizador do evento, que este ano teve a coordenação de Helena Mendonça. Confira abaixo os principais insights dos painéis do evento.
Painel Feiras e Eventos
A volta dos eventos presenciais é um dos temas mais sensíveis para o setor. Os envolvidos na cadeia de feiras e eventos afirmaram ser totalmente viável a manutenção da operação, pois além de seguir os rígidos protocolos sanitários, é sabido o quanto o setor possui expertise em logística e rastreabilidade de visitantes e staff. Segundo um dos principais executivos do setor no Brasil, Paulo Otavio Pereira de Almeida, o mercado como um todo está aceso na expectativa para o retorno. “Nós fomos os loucos que em um momento de baixa, tivemos a coragem de fazer a Expo Retomada. E fizemos com responsabilidade, respeito às leis e protocolos. E com essas experiências vimos que é possível fazer uma série de eventos”, pontuou. “O ser humano é um ser colaborativo. Por mais que estivéssemos impedidos de estar juntos, não fomos feitos para o isolamento. E de todos os aprendizados trazidos pela pandemia ficou o de que para o futuro serão exigidas novas skills. Não será possível repetir a fórmula do presencial no digital”, completou P.O, como é conhecido.
Para Daniel Galante, diretor geral do São Paulo Expo, cometer erros foi essencial para continuar no jogo nesse período de pandemia. “Houve uma redução de público, mas isso indica que para o futuro essa mudança implicará em um público mais qualificado. Não haverá espaço para megalomania de grandes eventos e sim para focar no produto, em ser mais técnico e comercial. Será necessário investir de maneira mais certeira, estratégica”, analisou Galante que ainda frisou sobre a importância do presencial, mesmo com a eficiência do formato híbrido. “O presencial é importante. Muitas coisas que não sabemos solucionar são resolvidas no bate-papo, no cafezinho. A necessidade humana de encontrar pessoas e trocar informações sempre existirá”.
Trazendo a informação da continuidade dos eventos médicos durante o período da pandemia, Ana Luísa Diniz Cintra, diretora do Centro de Convenções Rebouças, citou que houve a necessidade de reprogramação da forma de fazer os eventos. “De repente, todos os eventos acabaram acontecendo online e permanece assim em 2021. Digo que é possível fazer evento, principalmente porque trabalhamos com empresas e entidades sérias, com- prometidas com os protocolos”, reforçou a diretora.
Para Fátima Facuri, presidente da Associação Brasileira de Empresa de Eventos (ABEOC), faltou reconhecimento do poder público para o setor. “As feiras poderiam ter voltado, cumprindo os protocolos sanitários. Temos um controle eficaz de origem e destino de participantes e nós não fomos ouvidos. Acredito que os eventos vão voltar com força, carregando um grande desafio que é o de mostrar para o visitante que ele está em um ambiente de negócios com foco no empreendedorismo”, reforçou a presidente da ABEOC.
Chamado para a discussão, Abdala Jamil Abdala, presidente da União Brasileira dos Promotores de Feiras (UBRAFE) e da Francal Feiras, pontuou que não está sendo nada fácil enfrentar esse momento. “Somos indutores de negócios e devemos continuar fazendo nossas feiras para que a geração de riquezas aconteça e a economia do país se fortaleça”, argumentou Abdala.
Para Fernando Lummertz, consultor e mentor de empresas do setor de eventos de negócios, o foco estará em proporcionar o exercício pleno dos cinco sentidos. Isso faz toda a diferença, reforçando o papel das feiras como fomentadora de negócios. “Não devemos buscar atalhos e sim caminhos. Fazer feira virtual é o atalho e não o caminho. É preciso direcionar o investimento para o desenvolvimento de tecnologias que nos permitam fazer o evento presencial cada vez melhor, seguro e eficaz”, argumentou Lummertz.
Fechando o painel, Ana Maria Arango, diretora regional da UFI (The Global Association of the Exhibition Industry) para Latam, apresentou estudos sobre o setor e perspectivas para 2021.
Os estudos apontaram a grande preferência por eventos face to face, presenciais. E que os eventos híbridos se mantêm em alta pela quantidade de conteúdo que proporcionam e como uma opção na diminuição de custo e ganho de tempo no deslocamento. Outro ponto importante foi a falta de suporte do poder público e menor representatividade do setor junto as autoridades brasileiras.
Painel M.I.C.E. Destinos
O painel M.I.C.E. destinos contou com a presença dos executivos Toni Sando, presidente da Unedestinos e presidente executivo da SPC&VB, e Alexandre Sampaio, presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA), ambos on-line, além de Edmar Bull, fundador e presidente da Copastur, Bruna Freitas, gerente comercial na Aeroméxico, Heber Garrido, diretor de marketing e vendas no Grupo Ferrasa, e Tiago Varalli, diretor de Meeting & Events do Club Med Brasil, presentes no Centro de Convenções Rebouças. Toni Sando abriu o painel reforçando que precisamos nos organizar e estarmos preparados para a breve retomada dos eventos, que já está acontecendo em alguns países. “Precisamos criar força e energia para se planejar desde já”, disse. “Agora é o melhor momento para negociar preço, espaços, disponibilidade de agenda para os próximos anos”, completou.
Alexandre Sampaio lamentou a politização de temas importantes para o setor, como a lei orçamentária e a compra e vacinas, essencial para a retomada. Para ele, os que sobreviverem terão um ano de 2022 em toda sua plenitude. “Porém, ressalto que é preciso conseguirmos aprovar instrumentos e fazer o convencimento do nosso executivo para olhar o turismo e os eventos e maneira diferenciada, porque eles são fundamentais para nossa atividade econômica como um todo”.
Tiago Varalli comentou que o Club Med Brasil sempre esteve preparado para a retomada. “Em nenhum momento deixamos de estar preparados e prontos para essa recepção. A gente aprendeu e reaprendeu”, disse. Para ele, o novo modelo de negócios para o futuro dos eventos é híbrido. “Vamos aproveitar a parte on-line, mas vai ser fundamental a presença, o contato físico, esse olho no olho”, completou.
A Aeroméxico, que tinha o turismo de negócios como seu pilar, foi uma das companhias que precisou se reinventar. “Nosso foco sempre foi o turismo de negócios e, com o lazer em alta, assim como muitas empresas, precisamos nos reinventar. Criamos novos destinos, fizemos muitas parcerias com locais com selos de viagens seguras, criamos uma gerência onde controlamos também os terceirizados e aplicamos todos os nossos protocolos com eles também”, contou a executiva da companhia, Bruna Freitas.
Edmar Bull relatou que o setor estava indo bem, antes de acontecer a segunda onda, mas acredita que estão todos muito bem preparados para que tudo retome em breve com o avanço da vacinação, já no segundo semestre. E seu otimismo se estende às viagens de negócios, setor que sua empresa atua. “As viagens de incentivo e eventos virão bem diferentes. Se no passado, quando alguém tinha um incentivo de uma empresa para viajar e reclamava, hoje isso vai virar prêmio”, disse. E é nesse sentido que as em- presas podem explorar umas das principais tendências apontadas para o setor: a união de viagens de negócios e lazer.
Heber Garrido acredita que o turismo vai ganhar um protagonismo que não tem ainda. “A gente está falando de uma economia que vai puxar o Brasil como um todo, é um grande gerador de empregos, mais do que o setor de montadoras. E tomara que a gente tenha um potencial transformador nesse momento. Independentemente da pandemia, o momento de transformação é muito intenso e já estamos passando por isso”, refletiu.
Painel Live Marketing
Mudança de mindset. Esse é o ponto de partida da discussão sobre um setor que movimenta bilhões de reais na economia brasileira, como o Live Marketing. E é o que comentou Kito Mansano, fundador da Rock Comunicação ao reforçar a pluralidade do setor que não se restringe a um mero fazedor de eventos. Engloba campanhas de incentivo, promoções, ativações, ponto de venda, são inúmeras as facetas do Live Marketing e que devem ser exploradas pelas agências para que movimentem e renovem o mercado no pós-pandemia.
Alexis Pagliarini, presidente executivo da Associação de Marketing Promocional (AMPRO) concorda que o guarda-chuva do Live Marketing abriga muito mais do que a organização de eventos. “Todo mundo sabe da importância de voltar de uma maneira mais intensa. Estamos com uma grande expectativa para esse retorno. E acredito que o Live Marketing passou por uma evolução natural e será cada vez mais visto estrategicamente”.
Já Romano Pansera, fundador da Promovisão, atentou para os fundamentos do setor que são conseguir tatuar a marca na cabeça e no coração consumidor. “Hoje estamos na busca incessante de construir esses relacionamentos através do Live Marketing”. Para Celio Ashcar, CEO da Aktuellmix, a importância do Live Marketing está em conectar pessoas e marcas através das experiências. “Vivemos a era da transparência entre marcas e consumidores. Uma comunicação pautada na diversidade, que crie experiências verdadeiras é o futuro”, projetou Ashcar.
Nico Prochaska, sócio da Bem+ Comunicação levantou o quanto o momento foi impactante para o segmento e como é real a necessidade de reinvenção. “É preciso assumir de uma vez por todas que o Live Marketing pode trazer muitas soluções para as marcas. Tudo isso, pensando de maneira humana e não oportunista ou partidária”.
Painel Arquitetura Emocional
O fechamento do evento pautou o quanto a saúde mental e emocional foi impactada no período da pandemia e como o olhar e a escuta para o outro precisaram ser exercitados. Cristina Castrucci, arquiteta emocional e escritora, ressaltou o quanto, nesse contexto, pessoas mais sensíveis, estavam mais preparadas para lidar com pressão. “O cenário mudou. A potência individual não importa mais e sim o quanto a pessoa pode contribuir no coletivo. A empresa é uma liderança coletiva e contributiva. Só as nossas experiências somadas serão capazes de liderar”.
A potência feminina foi exaltada no painel de Arquitetura Emocional como a da CEO da Bem+ Comunicação, Andrea Ortiz Prochaska. “Devemos retornar mais humanos e mais preparados. Adaptando-se a nova realidade, entendendo as necessidades dos funcionários”, constatou Andrea.
Reforçando que esse momento jamais vivido para o setor trouxe grandes aprendizados, Chieko Aoki, presidente da rede Blue Tree Hotels, confessou que se deu conta de como o mundo ficou pequeno. “De repente o mundo ficou pequeno e limitado. Atinei para o fato de que tem muita coisa que eu não fazia e que deveria ter feito. Vejo também esse momento como um tempo de mais compaixão humana”, afirmou.
E depois de tantas experiências que fizeram muita gente repensar as formas de agir e sentir, Dilma Campos, CEO da Outra Praia, revelou a importância de assumir as fragilidades. “Posso falar que foi um período dolorido, de olhar o próximo, estender a mão e se solidarizar. Esse movimento levou todos a se questionarem se estavam felizes. Eu mesma não estava feliz e precisei me revisitar e entender o que faria para mudar. A crise é uma oportunidade para crescer, inovar e fazer diferente”, refletiu Dilma Campos.
Sueli Dias, fundadora da TLV, se viu reafirmando o gosto de fazer o que faz e o quanto o seu serviço será necessário para o futuro e retomada. “Me dei conta do quanto vou ser necessária agindo como buscadora de soluções. Foi um trabalho intenso na gestão da crise, cancelando eventos, de uma forma sutil e gentil. Vejo o futuro com muita fé e otimismo que é minha maneira natural de enxergar a vida”.
PARTICIPAÇÃO ESPECIAL
Professor e Antropólogo
Perspectivas para a retomada da economia 2021
Luiz Marins, Professor e Antropólogo, apresentou um cenário otimista para o país, destacando seus pontos positivos e que, em 2019, o Brasil foi o quarto com mais investimentos diretos (IED): 75 bilhões de dólares. “Estamos entre os 10 países com maior reserva internacional, temos uma matriz energética invejável, com 43% de energia renovável, uma plataforma continental e um mar territorial incrível, além dos oito maiores aquíferos do mundo, incluindo o de Alter do Chão, com mais de 162 mil quilômetros cúbicos de água subterrânea que poderia abastecer o planeta durante 250 anos”, disse Marins.
RODADA DE NEGÓCIOS
Presidente da Empresários Brasil
Mais uma vez, comandada por Orácio Kuradomi, presidente da Empresários Brasil, a rodada de negócios marcou o encerramento do ESFE, dessa vez on-line e interativa. O Centro de Convenções Rebouças, o Programasom, a Purim Visual e o Gourmet&Co foram empresas que participaram da rodada de negócios, além de Adelson Coelho, Presidente do Conselho Sempre Juntos BR e CEO e founder ARCOE Negócios, que falou sobra a plataforma multisetorial SJBR e como ela contribui para o fortalecimento da indústria, sociedade, líderes, empresários e mercado brasileiro.