Fundador e presidente do Grupo Tour House e liderança inconteste da retomada do turismo pós-lockdown no país, a trajetória de sucesso do empresário Carlos Prado reafirma valores como empatia, diversidade e senso de coletividade
Um dos nomes mais representativos no setor de turismo, o empresário Carlos Prado, fundador e presidente do Grupo Tour House, e Conselheiro da Abracorp – Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas, é também cofundador do Movimento Supera Turismo Brasil. Não é pouco.
Não por coincidência, foi eleito Personalidade do Turismo Skål 2021, premiação assinada pela Skål International São paulo. Líder setorial e empresário apaixonado pelo turismo, o executivo se colocou à frente das movimentações do setor no momento mais delicado dos últimos anos.
Paulista nascido na zona rural de Atibaia, aos 19 anos Prado mudou para São Paulo buscando estudar e trabalhar. “Pulei de empresa em empresa, tive dois, por vezes três empregos, para me manter, pagar as contas, longe da família. Em 1997, fui contratado pela Nascimento Turismo como contador e, depois, gerente financeiro da empresa. Eu só tinha 20 anos, e fiquei lá por três anos”, lembra.
Dali em diante Prado foi construindo sua trajetória até que, em 1999, criou a Tour House, empresa hoje com 32 anos que o enche de orgulho. “Falo sempre que estudar é a melhor alternativa, e se eu sou o que sou hoje, tudo que conquistei foi pela educação. Meu lema é: estudo e mais empatia nos levam onde temos que chegar”.
Movimento Supera Turismo Brasil
O movimento Supera Turismo Brasil foi idealizado por Carlos Prado e Aldo Leone Filho, CEO da Agaxtur, e lançado em 1 junho de 2020, apenas três meses após o decreto da pandemia de Covid-19 no Brasil. “Tínhamos três objetivos: levar o máximo de informações e protocolos para os viajantes deslocarem-se com segurança, mobilizando veículos de comunicação e companhias áreas; manter o máximo de empregos possível; e o terceiro, mas não menos importante, manter a chama do turismo acesa mesmo durante a pandemia. Com muito trabalho, agora conseguimos ver o resultado”.
A retomada dos grandes eventos, congressos e seminários pelo país impulsionou o crescimento do turismo de negócios no primeiro semestre de 2022. Mas o fato de o setor ter retomado gradualmente, com protocolos de segurança, e não ter estendido o fechamento por mais tempo, contribuiu para uma retomada mais rápida.
“Um dos traços mais marcantes do Movimento Supera Brasil é que todos os protagonistas da iniciativa foram vacinados contra o personalismo e o mandonismo. Imperou o senso colaborativo e voluntário. Nesse sentido, foi uma experiência de gestão horizontalizada, onde a comunicação online funcionou plenamente”.
Unidos Pela Vacina
O Movimento Supera Turismo só teve sucesso porque conseguiu unir a cadeia de turismo. Juntou associações e empresas do setor em torno do mesmo objetivo. E da mesma forma aconteceu com outro movimento encabeçado por Carlos Prado. “Em 2020, o pessoal estava achando que a pandemia já tinha acabado e eu vendo os dados que o Instituto Butantã mostrava, dados da Organização Mundial de Saúde, sabia que não era isso que estava acontecendo. E não dava pra ficar parado. Então começamos a falar sobre a vacina”, lembra. “Com o Movimento Supera Turismo Brasil tínhamos muitas restrições, nós não podíamos falaram da vacina por ele, mas então surgiu algo ainda maior, o ‘Unidos Pela Vacina’, que ganhou uma forte liderança, com visibilidade, carisma do público e da mídia, que foi a empresária Luiza Helena Trajano, Presidente do Conselho de Administração do Magazine Luíza”, completa.
O avanço da vacinação era essencial para a retomada do setor e Carlos abraçou mais esse movimento para trabalhar em prol da retomada da área que tanto ama. “Já tínhamos a ideia de que as viagens voltariam com o efeito cebola, camada por camada: primeiro os vizinhos de São Paulo, Rio de Janeiro, depois América Latina e, por fim, Estados Unidos, que estavam com as fronteiras fechadas. Depois de um tempo, com mais de 70% das pessoas vacinadas, as fronteiras começaram a abrir. Tudo que eu ganhei na minha vida foi pelo turismo, e eu queria retribuir, então investi muito dinheiro”, diz.
Ele conta que o movimento conseguiu mais de R$ 50 milhões em doações e 2,5 milhões de itens para a saúde, como caixas, refrigeração, ar condicionado, computador. “Tudo que era essencial para que a vacinação, que não fosse agulhas e seringas, que o governo comprava, nós conseguíamos”, lembra. “Apoiamos a compra da vacina. Nossa equipe não tinha o objetivo de comprar vacinas apenas para nossos funcionários, e sim trazer tudo para o Programa Nacional de Imunização. Trabalhamos lado a lado com o Ministério da Saúde e temos ciência de que salvamos milhares de vidas”.
Retomada promissora
Os números da retomada do turismo no Brasil caminham positivamente. E não só para o setor, mas para a própria economia, já que eles representam uma grande geração de empregos e movimentam uma grande cadeia que conta com hotéis, restaurantes, passagens áreas, terrestres e marítimas, agências de viagens, etc. “Eu acredito que tudo isso que tínhamos previsto, está acontecendo. Eu não vejo o turismo como uma coisa que não se conecta a outra, o turismo pode ser maior que o que já temos, se todos trabalharem juntos, então a palavra que nos conectou sempre foi a união. Tínhamos informações vinda de fora e queríamos ajudar. Com todas essas informações e essas pessoas brilhantes juntas, vimos que o turismo só voltaria de forma completa no final de 2023. Acreditamos que agora, com a vacinação, o turismo começou sua retomada. Já temos quase a mesma quantidade de voos de 2019”, analisa.
“O setor está voltando, mas como foram dois anos paralisados, vai demorar um tempo para se ajustar, já que infelizmente várias empresas pararam no meio do caminho. Para voltar com sua plenitude prevemos que será somente do último semestre de 2023 para o primeiro de 2024”.
Tendências e oportunidades
Mirando o futuro, Carlos Prado, já apontava algumas tendências que surgiram na pandemia como algo que ficaria. Estava começando uma nova era, onde as pessoas estão dando mais valor ao bem-estar e as viagens de negócios se fundiam com as de lazer. “Nosso comportamento mudou. O pico de viagens agora é às quintas-feiras, já muitas as pessoas estão em home-office”, diz.
Nesse contexto, a Tour House criou uma plataforma onde disponibiliza condições diferenciadas para funcionários das empresas – executivos e colaboradores em viagens de negócios são estimulados a aproveitar mais das cidades para onde vão, estendendo suas estadias por mais alguns dias para o turismo de lazer.
O país tem a maior rede hoteleira da América Latina e conta, hoje, com mais de 150 empreendimentos hoteleiros em construção. Para Carlos Prado, com os novos investimentos sendo feitos e nesse ritmo de retomada, o sonho é de que, na próxima década, o turismo chegue ao patamar de 12% do PIB brasileiro. “As dimensões continentais do país favorecem a diversidade de ofertas de parques naturais. No entanto, a atividade turística requer investimentos planejados e adequados, para valorizar a experiência do visitante. É preciso dedicar atenção à revitalização dos nossos parques naturais, para elevar o grau de atratividade dos mesmos. Investir em campanhas voltadas para a divulgação e orientação do turista, seja ele doméstico ou estrangeiro. Dentro da ideia de Turismo de Proximidade, só no estado de São Paulo, há uma riqueza imensa de parques naturais, onde a Mata Atlântica é exemplo”, comenta Prado.
O fato é que o país poderia usar muito mais seu turismo, se olhasse para ele como um negócio e não somente como lazer. Carlos Prado acredita que a iniciativa privada e poder público, juntos, podem promover a evolução do turismo na direção do desenvolvimento sustentável do Brasil. “O turismo é, por natureza, agregador. O relacionamento humano e interpessoal é essencial na hotelaria, nos meios de transporte, no agenciamento de viagens e na produção de eventos. O turismo é um grande empregador de mão-de-obra. Gera e distribui renda. É uma indústria que cria negócio, é uma cadeia enorme. E tudo que aconteceu no turismo mundial foi, em grande parte, por iniciativa privada, então o governo precisa parar de olhar somente para o agronegócio, precisa começar a olhar para o turismo como negócio”, discorre o empresário.
Para ele, a pandemia que restringiu grandes deslocamentos, despertou a percepção de que há muitos atrativos pouco ou nada conhecidos num raio de 300 Km da origem do viajante. De carro ou de ônibus, pode-se planejar viagens economicamente viáveis e muito compensadoras. Mas, para isso, é preciso dar publicidade aos destinos, torná-los mais conhecidos e desejados. “É preciso trazer pessoas qualificadas para os governos, porque dentro de cada município é que estão todos os artifícios para alavancar o turismo. O papel das prefeituras municipais e das demais instituições locais é determinante”, salienta.
Turismo, um grande negócio para o Brasil
Sempre em movimento, Carlos Prado acaba de lançar o livro “Turismo – Um Grande Negócio Para o Brasil”, durante a recente edição do Festuris, em Gramado (RS).
A obra reúne três tripés: o primeiro, mostrar ao mundo o turismo como um negócio rentável e extremamente importante para a economia brasileira; o segundo, reverberar a importância do autor para a educação e as ações sociais em prol de um país melhor, com mais oportunidades (por isso, toda renda dos exemplares será revertida ao Instituto Educatodos, idealizado e presidido por Prado desde setembro de 2020). Por fim, o livro é uma forma de praticar aquilo que o empresário tanto proclama, de que ‘juntos somos mais fortes’, visto a união de empresas e entidades nos movimentos em prol do turismo e da vacinação no Brasil, já que a obra é uma antologia de textos assinados por terceiros – manifestações relevantes de parceiros, empreendedores e amigos que, em comum, atuam para engradecer a atividade turística no país.
Prado diz que “se trata de um gesto. De uma atitude em favor do coletivo. A pandemia Covid-19, que tanto nos desalentou e gerou sofrimento, despertou e fortaleceu o sentimento de solidariedade recíproca. Todos aprendemos que, acima das disputas concorrenciais, está a preservação saudável da nossa ‘galinha dos ovos de ouro’, que é o turismo”. O dirigente acrescenta que “apostar na vaidade pessoal do ‘eu sozinho’ não passa de ilusão. Afinal, o turismo é uma cadeia amalgamada por elos. É um ecossistema regido pela complementaridade”, diz.
Assim, “Turismo – Um Grande Negócio Para o Brasil” chega para acrescentar ideias e reflexões, consolidar valores e propósitos que o autor vem cultivando, bem como inspirar iniciativas similares. Mas, mais do que isso, destaca o empresário, a publicação tem dois pilares: chamar atenção do poder público e doar a renda das vendas para o Instituto Educatodos, “pois somente com a educação é que vamos manter esse mundo”.
Governança ambiental, social e corporativa
Empreendedor nato, Carlos Prado é um ativista para que o turismo seja tratado como negócio promissor que é, mas também incentivador do turismo responsável e sustentável que consegue agregar valor aos destinos, tanto para quem visita como para a população residente. “Esse turismo é instrutivo e educativo, propicia a aquisição de novos conhecimentos, desmancha preconceitos e alarga horizontes. Ensina a respeitar e preservar os recursos naturais e a valorizar o legado histórico, arquitetônico, artístico e cultural construído pela mão do homem. Esse conjunto vem ao encontro do conceito fundamental de desenvolvimento sustentável. Não por acaso, o turismo é considerado a ‘indústria da paz’”, ensina.
Relembrando toda sua trajetória à frente desses movimentos nesses últimos dois anos, o empresário diz que quando o Supera Turismo cumpriu o seu papel no enfrentamento da pandemia, todos saíram fortalecidos e melhores. Incentivador da cocriação, da construção conjunta, da colaboração e do diálogo produtivo para chegar as melhores soluções, Prado adota a união como seu modelo de gestão, na Tour House ou em outras iniciativas que apoie ou lidere. “Acredito que, hoje, o turismo brasileiro está bem mais amadurecido e articulado. No fundo, aprendemos a cultivar a ideia de fórum permanente, seja para lidar com questões pontuais que exijam mobilização rápida, seja para dar consistência a projetos de médio e longo prazo, que requerem interface com instâncias governamentais e da iniciativa privada”.
Na Tour House, ele conta que após o período pandêmico gerar algumas demissões, a recontratação está in progress. “E em uma pegada de one love, de união. A Tour House está muito mais produtiva, para gerar mais riqueza, e aumentando a taxa salarial, consequentemente, aumentando a qualidade de vida dos nossos colaboradores”.
Em suas palavras, os líderes precisam abraçar de fato o ESG (de Environment, Social & Governance, sigla referente às boas práticas socioambientais e corporativas das empresas), tirar do papel e praticar. “Quanto a gente começou a neutralizar o CO² muita gente nos perguntou se isso trazia cliente e eu respondi: ‘isso eu não sei, mas limpa a minha consciência’”, relembra. “É preciso trazer mais inclusão, mais diversidade. Isso pode gerar um custo maior no início, mas quando eu tenho dentro de casa pessoas de etnias diferentes, por exemplo, negros, asiáticos, brancos, de religiões diferentes, de culturas diferentes, mais fácil será para entender como eles são e criar produtos para esse público. A diversidade é propulsora dos negócios, ajuda a vender”, completa.
Para explicar seu modelo inclusivo de gestão, o empresário espera que seus colaboradores consumam o que vendem. “Já dizia Henry Ford, que todo mundo que trabalhava na Ford deveria ganhar o suficiente para comprar um Ford. Aqui na Tour House não é diferente. Temos que dar oportunidade e apostar para que as pessoas ganhem mais, e consumam mais, assim tudo vai girar”, reflete.
Por fim, Carlos Prado reforça a importância de uma boa gestão, pilar ESG praticado na Tour House. “Temos que investir muito. Precisamos de educação e formação, porque tem muita gente que vai à escola, vira doutor, mas não tem caráter. Com boa formação temos a chance de construir o Brasil que queremos. O povo somos nós. Se quisermos mudar, a gente consegue, prova disso é a superação do turismo. O Brasil ainda é jovem, temos muito a fazer. Meu grande sonho é ver um Brasil melhor”.