Uso excessivo de telas por crianças e adolescentes tem sido motivo de preocupação e de muita discussão por familiares e professores
Devido a abrangência e urgência do tema, a questão chegou no poder legislativo federal, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou o Projeto de Lei 104/2015 que restringe a utilização de aparelhos eletrônicos portáteis, como celulares, nos colégios públicos e privados de educação básica durante as aulas, recreios e intervalos.
Na prática, a proibição começará a ser aplicada na volta às aulas, no próximo mês de fevereiro. A medida gera muita expectativa entre os alunos, os pais e responsáveis, e principalmente, para os profissionais do ensino. “Há aspectos cognitivos que podem ser afetados pelo excesso do uso das telas. Estamos falando de distúrbios de aprendizagem, aumento da impulsividade e diminuição de habilidades físicas, quando a criança fica muito tempo parada na mesma posição. E o traquejo social delas também vai ficando reduzido, porque não existe troca de experiência com outras crianças”, comenta a pedagoga Lúcia De Melo Nascimento, Coordenadora Pedagógica Ensino – Fundamental II do Colégio Progresso Bilíngue Santos.
Para a diretora pedagógica da Escola Lourenço Castanho e doutora e mestre em pedagogia do Movimento pela Universidade de São Paulo – USP, Fabia Antunes, os dispositivos tecnológicos são um excelente recurso para otimizar momentos de ensino-aprendizagem, desde que haja planejamento pedagógico. Ela explica, porém, que o uso individual do celular na sala de aula é proibido na Lourenço Castanho, desde o início de 2024, após muita discussão com toda a comunidade escolar.
A nova legislação permite exceções apenas para fins pedagógicos ou didáticos, desde que acompanhadas por professores, ou para estudantes que necessitem de acessibilidade. O objetivo é garantir que os dispositivos móveis sejam utilizados de forma equilibrada e benéfica para o aprendizado dos estudantes, evitando os riscos associados ao uso indiscriminado. “O uso do celular sem propósito educativo pode encurtar ainda mais a memória”, ressalta Lúcia.
Para que a medida funcione, acredita os educadores, que as famílias precisam se envolver. “A escola criou e está aplicando as regras com base nas consultas à comunidade escolar, mas os pais precisam apoiar a decisão chamando a atenção dos filhos quando eles descumprem o combinado”, afirma Daniela, trazendo o exemplo do colégio Lourenço Castanho e enfatizando a participação dos familiares.