Com approach personalizado das necessidades do mercado de feiras e eventos e do cliente pessoa física, a empresária Andrea Prochaska aponta soluções criativas no crescente segmento de locação de móveis
Por Carlos Eduardo Oliveira
Vamos combinar: nem sempre é fácil “virar a chave”, profissionalmente falando, quando se surfa uma carreira de sucesso. Mudar de rota, por algum motivo maior. Mas foi exatamente o que a empresária Andrea Prochaska, CEO da Bem Bacana Locações, fez. Publicitária na origem, percorreu carreira vitoriosa como diretora em grandes agências de propaganda de São Paulo. Quanto mais subia na profissão, mais aumentavam as reuniões, as viagens, os serões. “Isso era legal, eu tinha um bom status profissional. Por outro lado, via meus filhos crescendo, e não tinha tempo para eles, eu era aquela mãe que ninguém conhecia nas reuniões da escola”, brinca.
A saída foi empreender o próprio caminho. Juntando forças com o marido, Nico Prochaska, ele também egresso da publicidade, surgiu, há 22 anos a agência Bem + Comunicação Integrada. Deu certo. Tanto que, muitos anos depois, sob seu “guarda-chuva”, veio a Bem Bacana Locações, empresa que encampou logo de saída em seu DNA um inovador mas à época ainda meio incipiente core: a locação de móveis para eventos. Uma das razões, aliás, de seu atual protagonismo.
“Há uns doze anos atrás, claramente havia um nicho”, avalia a empresária. “Além de pouca gente operando no mercado, os custos para eventos eram altos, e a qualidade de entrega, baixa”, conta. “Não havia preocupação com móveis diferenciados, com qualidade, com design. Enfim, com a entrega ao cliente”.
Aos poucos, a empresa buscou, antes de lançar-se ao mercado, criar, em quantidade e qualidade, o seu próprio acervo. “Antes de mais nada, o conceito na montagem do acervo era nos atender. Ou seja, atender à nossa expectativa, a partir da necessidade que sentimos no mercado de eventos”. Atualmente, o acervo conta com milhares de peças e móveis, distribuídos ao longo dos 1700 metros quadrados do galpão em Cotia, na Grande São Paulo.
Expandindo horizontes
Ao longo de sua atuação no segmento, a Bem Bacana nunca deixou de tentar identificar outros possíveis trends, tendências. E uma delas, então de grande apelo nos EUA, acentuou-se no Brasil com a pandemia (e segue assim, depois dela): a locação de móveis para cacas, para o consumidor final. Por inúmeras e justificadas razões.
“Ao pesquisarmos, descobrimos que esse mercado é antigo nos EUA, e é enorme. Há um modelo de lojas de locação de móveis, as concept stores (“lojas-conceito”, em tradução literal). Era algo que eu apenas intuía que poderia existir mas não tinha certeza, até então nosso foco era apenas a locação de móveis para eventos. Mas era uma realidade irreversível, um outro nicho. O que acontece é que o comportamento de parte dos consumidores no lar, notadamente consumidores mais jovens, mudou. Hoje, eles não se entusiasmam com a posse, mas apenas em ter acesso”, conceitua Andrea.
Na prática, esse consumidor moderno busca rever o layout do espalho físico que tem disponível para, a partir daí, buscar alternativas para adaptar os móveis em sua residência. Como? Alugando-os, através de uma plataforma de assinaturas de locação.
“É um novo conceito de consumo. Ele não precisa comprar. Ele não quer comprar, não precisa da posse. Querem apartamentos já mobiliados, praticidade, mobilidade. Até porque, seja por razão de trabalho ou outras, pode ser que esse nem seja seu endereço definitivo”. Nesse perfil de clientes cabem: jovens solteiros; recém casados com orçamento comprometido pela (pesada) parcela de “entrega das chaves”; profissionais de fora de São Paulo residindo na capital; idem, para quem realiza longos tratamento de saúde na Pauliceia; e assim por diante. E ainda há o fato, Andréa concorda, dessa parcela de consumidores mais jovens já viver “in”, no mercado de assinaturas de produtos e serviços. Vide o sucesso do streaming.
Os planos de assinaturas oferecidos pela Bem Bacana vão de um mínimo de um mês, até um ano. Ao longo do contrato, é possível mudar a decoração e trocar os móveis a qualquer momento e por qualquer motivo, testando o que fica melhor e renovando o ambiente interno sem gastar mais nada por isso. Outros serviços disponíveis são personal organizer; harmonização de ambientes; lavagem de tapetes, carpetes e estofados; “chef em casa” (cozinheiro para pequenos eventos), etc.
Há ainda outro ingrediente seminal a essa nova forma de “consumo” de móveis: a pauta ESG. “Há muitos clientes alinhados com a ideia de sustentabilidade, com preferência por empresas e marcas alinhadas ao conceito de sustentabilidade em sua origem”, assinala Andrea. “E adeptos também à ideia de economia compartilhada, da menor agressão possível à natureza: um bem pode ser seu em um momento, mas pode ser de outros, em outros momentos”.
Estande na feira: a personalidade da empresa
A visão ESG não deixa de estar presente também naquele que é o DNA de origem da Bem Bacana: uma vertical de eventos. Mercado, enfim!, reaquecido no pós-pandemia. “Em uma feira, o estande reflete a personalidade daquela marca. E dentro dessa personalidade da empresa, fazemos a curadoria mais apropriada no uso de móveis, cores, matérias, texturas, plantas, bufê”, diz Andrea.
Ou seja, naquele que o momento máximo de celebração da marca, existe a preocupação da empresária que a transmissão do “recado” ao visitante seja bem dada. E essa curadoria, Andrea adianta, é tailor made, personalizada. Até porque muitas empresas exibem um vasto portfolio dentro do mesmo evento. “Damos muita atenção a isso. Não é porque é uma marca de doces que o chocolate tem que ter o mesmo tratamento da paçoca”, brinca.